Planetree Brasil Relatos e a força de cada exemplo

29 de outubro de 2021

Planetree Brasil Relatos veio trazer uma série de lives em torno de questões centrais que envolvem a experiência do paciente em um momento bem delicado, o tratamento de um câncer. A iniciativa do Escritório Planetree Brasil para este outubro rosa se concentrou na força dos exemplos, através das histórias e relatos vividos. Enfermeiros, pacientes, enfermeiro navegador e médico oncológico relataram cada um, suas alegrias, suas dores e seus desafios. Os vídeos das lives estão disponíveis no Instagram @planetree_brasil.

E para fechar esta homenagem pelo outubro rosa, recebemos um relato lindo, narrado de próprio punho e muita coragem por Edelandia Casimira, 34 anos, assistente de atendimento, que enfrentou o câncer de mama. Confira na íntegra:

 

Meu relato pessoal, por @Edecasimira*

Uma pessoa que adora viver intensamente a vida. Essa era a pessoa como sempre me descrevi, muito vaidosa e com centenas de planos para colocar prática. E foi no auge de todo esse entusiasmo que em novembro de 2019, aos 32 anos, que eu descobri um câncer de mama. Sim, essa doença que atinge a tantos agora estava em mim. Aproximadamente 6 meses atrás da descoberta um machucado no bico do seio havia me chamado a atenção. Naquela ocasião procurei o médico e ele disse parecer uma alergia, porém não melhorava, foi então que nós nos aprofundamos nos exames e descobrimos dois nódulos malignos de tamanhos consideráveis. Um turbilhão de emoções ao mesmo tempo se passou em minha cabeça, será que vou morrer? Será que meu cabelo vai cair? Como ficará meu corpo? A angústia era imensa.

Uma amiga do trabalho que já havia passado pela mesma situação me falou: _não tenho como te explicar só você vivendo para saber.

Foi então que começara uma batalha muito árdua contra um inimigo que está em você. Primeira quimioterapia e lá estava meu esposo comigo, me apoiando e tão nervoso quanto eu. Os efeitos colaterais vieram – primeira véspera de Natal que passei na cama – com sensações indescritíveis, mas muitos marcantes. Próximo da segunda quimioterapia o cabelo saia em blocos. Decidi raspar a cabeça para diminuir o sofrimento...  Fui em um salão e pedi para um amigo. Quando cheguei em casa muito acanhada sem querer que qualquer um me visse, meu filho de 7 anos chegou bem pertinho e falou:_ Mãe você ficou linda. Naquele momento não existia mais vergonha, nem medo.

Em um determinado período eu pensei em desistir, falei para o meu esposo: _não quero mais fazer o tratamento. É muito sofrimento para mim, já basta.

E ele olhou no fundo dos meus olhos e disse: _tudo bem... é uma escolha sua: ver seus filhos mais 2 ou 3 anos e acabou... ou vê-los crescer.

Aquelas palavras que me tiraram de cima da cama e me fizeram comer naquele dia. Algumas vezes que eu chegava do hospital e minha filha de 10 anos me esperava ansiosamente para cuidar de mim, me dava banho e cuidava de mim como a boneca mais preciosa que ela já tivera. Algumas amigas do trabalho vieram de muito longe para me ver a cada quimioterapia, me mandavam flores e outros mimos. Isso tudo foi também a razão da minha cura, o enfermeiro oncologista sempre solícito comigo e a doutora oncologista também, sempre fui muito bem assistida por eles.

E assim chegou o dia da tão temida cirurgia. Muito emoção, medo e ansiedade se misturavam em mim.

Dormi um sono de quase sete horas e acordei “sem um pedaço” de mim [os nódulos haviam sido retirados]. A esperança nunca morre, sabia que tudo ia se ajeitar com o tempo. Depois de um ano retirei a outra mama, infelizmente por algumas intercorrências. Precisei fazer duas cirurgias seguidas e os traumas foram bem maiores, mas ainda continuo com a esperança de que tudo vai se ajeitar e nada dura pra sempre, nenhuma dor é eterna, mas o sorriso cura.

 

paciente

Edelandia Casimira, autora.

 

*Texto neste espaço reflete a opinião do(a) autor(a).

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